A RAÇA

  • História da Raça Santa Gertrudis

    A raça Santa Gertrudis tem uma história rica e fascinante, com seus primeiros cruzamentos realizados em 1910, na renomada fazenda King Ranch, localizada no Texas, EUA. A raça é resultado do trabalho de criação e melhoramento entre rebanhos de origem zebuína e taurina. No entanto, foi dez anos depois, em 1920, que o trabalho realizado pelo King Ranch culminaria em seu primeiro grande nome: Monkey, um dos principais touros fundadores da raça.

    Reconhecimento Oficial da Raça Santa Gertrudis

    Em 1940, a raça Santa Gertrudis foi oficialmente reconhecida pelo Ministro da Agricultura dos Estados Unidos, consolidando sua identidade e status como uma raça distinta. Esse reconhecimento foi um marco importante para a história da raça, que se destacaria tanto pela sua adaptabilidade quanto pela qualidade de carne produzida.

    Em 1951, foi fundada a Associação de Criadores de Santa Gertrudis (Santa Gertrudis Breeders Association) e, pouco tempo depois, os primeiros touros Santa Gertrudis foram comercializados, permitindo que a raça se expandisse para novos mercados.

    Chegada da Raça Santa Gertrudis ao Brasil

    A chegada da raça Santa Gertrudis ao Brasil aconteceu em 1954, quando cerca de duzentas cabeças de Santa Gertrudis (entre machos e fêmeas) foram importadas para o país. Esses primeiros animais foram destinados a cinco fazendas do interior de São Paulo, localizadas na região de Presidente Prudente: Bartira, Brasilândia, Laranja Doce, Formosa e Mosquito

    Adoção de Cruzamentos Absorventes no Brasil

    Com a chegada da raça, os criadores brasileiros adotaram a estratégia de criação pura e cruzamento absorvente para aprimorar as características da raça e atender melhor à demanda do mercado local, especialmente no que diz respeito ao desempenho das carcaças. Essa estratégia envolvia o uso de vacada zebuína como base para a formação de animais com características desejáveis, como maior adaptabilidade ao clima brasileiro e melhores resultados na produção de carne.

    A Swift, grande empresa frigorífica da época, foi um dos principais compradores dos produtos da raça Santa Gertrudis no Brasil, impulsionando a sua popularização e a escolha da raça como uma opção eficiente para a produção de carne de qualidade no mercado nacional.

  • Padrão Racial

    A raça Santa Gertrudis é reconhecida por sua excelente conformação física e eficiência funcional, sendo ideal para a produção de carne de alta qualidade. Ela é a primeira raça sintética formada no hemisfério Ocidental, resultado do cruzamento Zebu x Europeu, com 3/8 Brahman e 5/8 Shorthorn. Suas principais características incluem:

    • Eficiência Funcional: Vacas calmas e produtivas, com úberes bem posicionados e tetas bem inseridas. Touros viris com alta libido, características sexuais marcantes e bom desempenho reprodutivo. Crescimento rápido, pés e articulações saudáveis, além de cascos pigmentados que indicam maior resistência.

    • Conformação: Animais com boa simetria, musculatura bem desenvolvida, espáduas e dorso largos. Os machos são mais musculosos e largos, enquanto as fêmeas têm um perfil mais profundo no quarto traseiro. A cabeça é larga com perfil reto e o pescoço é bem proporcional, sendo mais musculoso nos touros.

    • Pelagem e Cor: A pelagem é vermelha cereja, com pelos curtos e lisos. A pele é grossa, bem adaptada ao clima e com boa vascularização, enquanto as mucosas rosadas indicam boa saúde.

    Pecuaristas podem facilmente substituir uma vacada comercial de baixa produtividade por animais mestiços ou cruzados, melhorando o rebanho de geração após geração até alcançar o puro por cruza. Como todas as raças bovinas, o Santa Gertrudis segue um padrão estabelecido pela Associação Brasileira de Santa Gertrudis (ABSG) e oficializado pelo MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária), garantindo sua qualidade e conformidade, o que assegura a adaptabilidade, longevidade e alto desempenho dos animais no mercado agropecuário.

  • Registro Genealógico

    A Associação Brasileira de Santa Gertrudis (ABSG) realiza um rigoroso controle de registro genealógico dos rebanhos de seus criadores associados, com o objetivo de garantir a pureza genética e a rastreabilidade dos animais. Todos os animais Santa Gertrudis são individualmente inspecionados por um time de técnicos especializados, que verificam o grau de sangue de cada indivíduo para obter seu respectivo registro.

    Marcação dos Animais conforme o Grau de Sangue

    Com base no grau de sangue, os animais recebem marcas específicas que são as seguintes:

    • TS: Touros puros (100% de sangue Santa Gertrudis).
    • FS: Fêmeas puras (100% de sangue Santa Gertrudis).
    • F/S: Fêmeas 7/8 de sangue (cruzamento avançado de Santa Gertrudis).
    • M2: Fêmeas 3/4 de sangue (cruzamento com Santa Gertrudis).
    • M1: Fêmeas 1/2 de sangue (primeira geração de cruzamento com Santa Gertrudis).

    A Prática de Cruzamento Absorvente

    A prática de cruzamento absorvente é uma das características distintivas da criação de Santa Gertrudis. Esse processo permite que criadores de outras raças obtenham animais puros de Santa Gertrudis a partir da quarta geração. O processo funciona da seguinte forma:

    1. Primeira cruzada: Um touro Santa Gertrudis é cruzado com uma vaca de qualquer raça, resultando em machos 1/2 sangue e fêmeas M1.
    2. Segunda cruzada: As fêmeas M1, cruzadas com outro touro Santa Gertrudis puro, produzem animais 3/4 de sangue, que recebem a marca M2.
    3. Terceira cruzada: As fêmeas M2, cruzadas com outro touro Santa Gertrudis puro, geram fêmeas 7/8 de sangue, marcadas com /S.
    4. Quarta cruzada: As fêmeas /S, ao cruzarem com outro touro Santa Gertrudis puro, geram animais puros de Santa Gertrudis. Esses animais, uma vez inspecionados e aprovados pela ABSG, recebem a marca “S”, indicando sua pureza.

    Esse método de cruzamento absorvente não apenas garante a pureza genética da raça, mas também permite aos criadores alcançar as qualidades e vantagens da raça Santa Gertrudis com maior rapidez e eficiência.

  • Adaptação

    Por ser uma raça sintética, os Santa Gertrudis são rústicos e versáteis. Os bezerros são fortes, ativos e rapidamente já estão mamando. São animais mais resistentes ao ataque de insetos e parasitas e apresentam perfeita adaptação a qualquer clima, em especial às condições brasileiras. Assim, suporta muito bem o frio e as geadas do Sul, o calor e a seca do Nordeste e a umidade do Brasil Central.

    Maciez e marmoreio através da análise de DNA A Bovigen é uma indústria global que realiza testes genéticos para diversas características economicamente importantes como maciez e marmoreio. Estudo realizado pela Bovigen pôde comprovar a eficiência do Santa Gertrudis para maciez da carne produzida com 37% dos animais com uma estrela e 55% dos animais com duas estrelas, o que indica a presença dos genes para maciez. O Shorthorn (raça predominante na formação do Santa Gertrudis) apresentou excelente resultado, onde 97% dos animais com duas estrelas para maciez.

    Um dos usos mais imediatos dos testes com marcadores de DNA é a possibilidade de acesso à informação genética com respeito a características tradicionalmente difíceis ou caras de se obter.

    “A tecnologia GeneSTAR oferece uma nova ferramenta que permite aos criadores de Santa Gertrudis fazer melhoramentos genéticos significativos em nossa raça. Nós, da Associação Brasileira de Santa Gertrudis, estamos muito animados com o rumo que estamos tomando e como nossos membros adotaram novas tecnologias, que nos ajudarão a alcançar os objetivos da nossa raça”.
    Ervin Kaatz, vice-presidente Executivo da Associação Internacional de Criadores de Santa Gertrudis

    O Santa Gertrudis é um animal de tamanho mediano e a redução no tamanho dos animais já é um reflexo da percepção dos criadores nacionais quanto à precocidade. “Esse cuidado com a seleção do rebanho puro nos dá condições de produzir um gado de corte, para o abate, mais precoce, que termine mais cedo e custe menos”, explica Luiz Fernando Doneaux Júnior, da Fazenda Jatobá, de Itaí (SP).

    A Fazenda Jatobá abateu 31 animais Santa Gertrudis (22 machos e nove fêmeas). O abate aconteceu no frigorífico FRIGOL. Os critérios analisados foram: conformação exterior, idade, rendimento e conformação da carcaça. 

    Além das características quantitativas, pôde-se avaliar: a conformação de retilíneas a convexas, acabamento de gordura de 4 a 7 mm e confirmar os registros genealógicos dos animais na ABSG quanto à maturidade fisiológica através da dentição e pelo grau de ossificação das cartilagens. O resultado foi: carcaças de excelente qualidade, com os animais indo para abate precoce após 152 dias de confinamento, obtendo animais mais jovens com peso e acabamento de carcaça, atendendo as exigências para exportação.
     

    O pecuarista Norberto Vicente, da Fazenda Major Vicente, município de Água Clara (MS), teve 54 animais cruzados da raça Santa Gertrudis x Nelore na unidade do grupo Friboi, onde através de um processo de classificação e tipificação de carcaça utilizado pelo SIF (Serviço de Inspeção Federal), obteve um resultado excepcional para animais criados exclusivamente a pasto, ou seja, o chamado “Boi Verde”.

    Com a finalidade de verificar o peso dos animais abatidos, a idade dos animais ao abate, a conformação das carcaças e o acabamento de gordura: ficou constatado que o desempenho destes animais foi excelente não só para o pecuarista, que pode abater animais mais jovens e com um peso de carcaça excelente; como também para o frigorífico que obteve animais com excelente formação de carcaça e selecionados para exportação.

    Outra qualidade apresentada pela raça, diz respeito ao ótimo desempenho dos touros no trabalho à campo. Os touros acompanham bem as vacas, caminham por longas distancias mesmo em climas onde há temperatura elevada. Os reprodutores têm uma vida reprodutiva longa. Chegando aos 12 anos de idade apresentando uma ótima libido. Quanto submetidos ao exame andrológico, apresentam excelente qualidade do sêmen por permanecerem com a bolsa escrotal bem posicionada. Comumente são colocadas 40 vacas por touro em estação de monta a partir dos 20 meses de idade.

  • Melhoramento genético

    Desde 1995, a raça Santa Gertrudis participa de programas de melhoramento genético, com o início de sua trajetória em parceria com a USP de Pirassununga. Hoje, a raça é reconhecida por sua versatilidade, robustez e excelência na produção de carne, sendo considerada uma das mais eficientes para a produção de carne de qualidade. Este sucesso é resultado do trabalho contínuo de criadores, especialistas e pesquisadores em busca do melhoramento genético.

    Atualmente, o sumário genético da raça Santa Gertrudis conta com mais de 30 mil animais e é fruto de uma parceria entre a Associação Brasileira de Santa Gertrudis (ABSG) e a Embrapa/Geneplus, o que tem gerado grandes avanços para o setor agropecuário nacional.

    Avanços Recentes no Melhoramento Genético

    Na última edição do sumário de touros Santa Gertrudis, novos índices zootécnicos foram incluídos, como as DEPs (Diferenças Esperadas de Progênie) de área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura subcutânea (EGS), marmoreio (MAR) e conformação frigorífica (CFS). Essas inovações demonstram um grande avanço genético para a raça e reforçam o foco na produção de carne de qualidade e no aumento da eficiência produtiva.

    Maury Dorta, coordenador de raças taurinas do Programa Geneplus Embrapa, explica que as DEPs são um importante avanço na seleção genética. “As DEPs para Peso ao Sobreano e Idade ao Primeiro Parto, por exemplo, demonstram a evolução genética da raça, com foco em produzir mais carne em menos tempo e com animais mais precoces sexualmente”, afirma Dorta.

    Importância das DEPs no Melhoramento Genético

    O técnico da Associação Brasileira do Santa Gertrudis (ABSG), Anderson Fernandes, destaca que, no caso da idade ao primeiro parto, quanto mais negativa for a DEP, melhor, o que significa que as fêmeas terão idade ao primeiro parto mais precoce, resultando em menor ciclo reprodutivo.

    Anderson também enfatiza o avanço significativo observado ao longo dos últimos dez anos de avaliação dos animais dentro do programa Embrapa/Geneplus, “com fêmeas que se emprenham mais cedo e contribuem para uma maior eficiência reprodutiva”, completa o técnico.

    Resultados do Melhoramento Genético na Produção de Carne

    Liliane Suguisawa, Diretora Técnica da DGT Brasil e Doutora pela UNESP, ressalta que o trabalho conjunto com a Embrapa/Geneplus tem permitido que projetos de cruzamento industrial, como o Tricross (utilizando touros Santa Gertrudis e fêmeas ½ sangue Angus), resultem em animais extremamente adaptados e com alta performance de carcaça. Rendimentos superiores a 56% em processos de engorda tradicional (90-120 dias) demonstram a excelência da raça no processamento frigorífico.

    Características Valiosas da Raça Santa Gertrudis

    A raça Santa Gertrudis é especialmente valorizada por sua adaptação e robustez, características essenciais para otimizar a produção de carne em diversas condições. Segundo Juliana Ferragute, gerente de mercado de corte da Genex, a raça se destaca por manter uma pelagem sólida e padronizada, especialmente quando utilizada em fêmeas F1 (provenientes de cruzamento industrial). Esta padronização é altamente apreciada por criadores que buscam consistência na produção de carne.

    A adaptabilidade da raça, comparada a outras raças sintéticas, faz dela uma excelente escolha para os pecuaristas que buscam não apenas qualidade mas também eficiência produtiva.

    Santa Gertrudis: A Raça do Futuro da Pecuária Brasileira

    Com uma base genética sólida e ferramentas de seleção aprimoradas, a raça Santa Gertrudis se posiciona como uma das principais raças bovinas do Brasil, contribuindo significativamente para o avanço da pecuária nacional. O trabalho contínuo de criadores, técnicos e pesquisadores, com o apoio da ABSG e Embrapa/Geneplus, garante que a raça continue a evoluir, com foco na produção de carne de qualidade e na eficiência reprodutiva.

    Com a melhoria genética sendo um dos pilares dessa evolução, a raça Santa Gertrudis se consolida como uma das escolhas mais efetivas e rentáveis para os pecuaristas brasileiros que buscam otimizar a produção e garantir produtos de alta qualidade.

    Acesse o Sumário de Touros Santa Gertrudis

    https://gppluson.geneplus.com.br/publico/sumario/7



  • Maciez e marmoreio através da análise de DNA

    Por Anderson Fernandes | ABSG

    A Bovigen é uma indústria global especializada em testes genéticos que identificam características economicamente vantajosas em bovinos, como maciez e marmoreio da carne. O teste de marmorização está associado ao gene da tiroglobulina, enquanto a maciez está relacionada aos genes da calpastatina e da calpaína.

    Eficiência Genética do Santa Gertrudis em Maciez da Carne

    Estudo realizado pela Bovigen demonstrou a eficiência do Santa Gertrudis na produção de carne macia: 37% dos animais apresentaram uma estrela e 55% duas estrelas, indicando a presença dos genes de maciez. A raça Shorthorn, predominante na formação do Santa Gertrudis, também obteve excelentes resultados, com 97% dos animais classificados com duas estrelas de maciez.

    O Teste de Maciez e Marmorização e Sua Relevância

    O teste genético utiliza marcadores de DNA para os genes calpastatina e calpaína, ambos envolvidos na maciez da carne após o abate. Esses testes oferecem informações genéticas valiosas para características de difícil ou caro monitoramento, como a maciez.

    Resultados do Estudo com Marcadores de DNA no Santa Gertrudis

    Enquanto diversos estudos analisaram o efeito independente dos marcadores da calpastatina e da calpaína, apenas dois estudos avaliaram o efeito combinado. Em um estudo com a raça Santa Gertrudis, animais classificados com quatro estrelas apresentaram uma redução de até 1,92 lbs na força de cisalhamento e uma diminuição de até 25% na percentagem de carne dura.

    No estudo, os animais com 4 estrelas mostraram três vezes menos carne dura comparados aos com 0, 1 ou 2 estrelas, evidenciando a qualidade da carne do Santa Gertrudis. Esta raça sintética, formada a partir da Shorthorn (conhecida pela maciez) e do Brahman (resistente ao clima tropical), apresenta carne de alta qualidade, alinhando-se com as exigências do mercado.

    GeneSTAR e o Futuro da Genética Bovina

    A tecnologia GeneSTAR oferece aos criadores de Santa Gertrudis uma ferramenta de aprimoramento genético que beneficia significativamente a qualidade do rebanho. “Estamos empolgados com a direção que estamos tomando e com a adoção de novas tecnologias que ajudarão a alcançar nossos objetivos de raça”, afirma Ervin Kaatz, Vice-Presidente Executivo da Associação Internacional de Criadores de Santa Gertrudis.

    David Fernandez, da Fazenda Alambary, já utiliza essa tecnologia para avaliar seu rebanho.

    Fonte: www.bovigensolutions.com; GeneSTAR Tenderness, o primeiro teste comercial de marcadores genéticos para maciez de carne bovina.

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